Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

SAPO Desportu TL

Sex | 12.06.15

Manifestantes querem reformas e mudanças na Federação de Futebol de Timor-Leste

SAPO TL

Um grupo de manifestantes, que se identifica como "amantes" do futebol em Timor-Leste, protestou nesta sexta-feira pelo quarto dia consecutivo contra a Federação de Futebol de Timor-Leste (FFTL), que acusam de corrupção e irregularidades.






 


Jose de Carvalho, que foi treinador da equipa de sub-19 e sub-23, em 2006 e 2007 e se afirma "coordenador do movimento" de protesto, acusa a direção da FFTL de "várias irregularidades", considerando que "viola a legislação e regulamentação da FIFA".


 


"Há alguns jogadores com três ou quatro passaportes de Timor-Leste com idades diferentes. O mesmo nome, o mesmo jogador mas idades diferentes. Fazem isto para poder ter o jogador a competir em várias competições", afirmou.


 


"Não há liga nacional. Há alguns encontros, mas não temos liga desde 2007. Fizeram esta liga apenas para cumprir o requisito da FIFA. Mas isso nem sequer terminou. As pessoas querem uma liga. Até no tempo indonésio tínhamos aqui equipas", afirmou.


 


Ao mesmo tempo, insiste que há 7 anos que não há um congresso para reeleger a direção da FFTL, contestando o processo "fraudulento e irregular" de naturalização dos jogadores brasileiros da seleção nacional (são atualmente sete, segundo a FFTL).


 


João Neves, outro dos manifestantes, explicou à agência Lusa que as criticas à naturalização dos jogadores "não é por racismo", mas sim pelas violações dos critérios para esse processo.


 


"Qualquer cidadão que quer assumir a nossa nacionalidade pode fazê-lo. Desde que cumpra o critério. Os brasileiros vêm para cá só para tentar subir e chegar ao conhecimento de equipas da Ásia. Nem sequer jogam no país", afirmou.


 


Joaquim Vide, que foi jogador federado em Portugal, e também presente na manifestação, explica que há muitos anos que o futebol tem tido falta de apoio adequado por parte da FFTL.


 


"Não temos clubes como deve ser para formarem as associações e associações como deve ser para formarem a federação. As associações que existem cá são quase só montadas para dar imagem", afirmou.


 


Joaquim Vide reforçou que os dirigentes da FFTL “Já estão há muito tempo na liderança, têm que fazer eleições e dar oportunidades a outros que tenham bons projetos, que querem fazer coisas”. Apesar da seleção nacional estar "a jogar muito bem", insiste que o problema é a irregularidade.


 


"O jogador chega quarta-feira, na sexta-feira já tem passaporte timorense e arranca no sábado. Há jogadores que estão inscritos em clubes cá que não existem nem jogam", acusou. Osório Florindo, vice-presidente da FFTL, rejeitou, em entrevista à Lusa, as acusações dos manifestantes, insistindo que para que uma liga nacional possa ser começada é necessário que a sociedade civil crie os clubes e que haja depois as infraestruturas adequadas.


 


"Nós também estamos preocupados com isto. Mas a preparação dos clubes não cabe à FFTL. Quando falamos em liga profissional, tem que haver critérios, apoios, infraestruturas. E ainda não temos nada disso. E tem que ser a sociedade civil a fazer isso e não parece estar muito interessada", considerou.


 


Osório Florindo considera que “há alguma má compreensão sobre o papel da Federação”, pelo que entende que não cabe ao organismo “formar o clubes”.


O dirigente insiste que está previsto um congresso da FFTL para setembro e rejeita as acusações de corrupção contra a direção, afirmando que casos como os recentes que ocorreram em Singapura - quando foram detidos o diretor técnico da FFTL e um outro timorense por alegada tentativa de combinar resultados - são pontuais e não abrangem todos.


 


"Não somos todos corruptos. Os crimes são responsabilidade individual. Ou se um membro do Governo é corrupto dizemos que são todos? A FFTL não protege qualquer pessoa que seja acusada destes crimes", afirmou.


 


Quanto à naturalização dos jogadores brasileiros, Osório Florindo diz que "isso acontece em todo o mundo" e que o processo segue sempre a lei, pelo que "não há qualquer irregularidade".


 


com Lusa