Treinador português assina contrato para liderar Seleção Nacional de Futebol de Timor-Leste
O português Fabiano Flora, atual treinador do Boavista FC Timor, assina hoje contrato para liderar a Seleção Nacional de Futebol de Timor-Leste, com o primeiro objetivo a preparação para os jogos do sudeste asiático, no final do ano.
Flora, que vai acumular os dois cargos até final da temporada, disse que vai trabalhar para renovar a imagem da seleção, atuando tanto “dentro como fora do campo”, para preparar adequadamente o futuro.
“É um grande desafio. Antes de tudo, o mais importante, é limpar a imagem dada anteriormente”, disse à Lusa em Díli.
“Quero criar uma base de trabalho para agora e futuro, não apenas com a seleção principal, mas com os escalões mais jovens. Uma metodologia de trabalho diferente, não apenas dentro do campo, mas desenvolver também as minhas ideias fora do campo”, afirmou.
O ex-treinador adjunto do Olhanense e da Académica assina o contrato menos de três meses depois de chegar a Díli para onde veio treinar o Boavista FC Timor, campeão da última época da Liga de Futebol Amador (LFA) timorense.
“Tinha falado com o presidente do Boavista e pareceu-me um projeto muito interessante, especialmente porque a equipa tinha sido campeã e tem ambições de ir à Taça Asiática de Futebol”, disse.
“Neste momento vou ficar com os dois porque faltam dois meses para acabar o campeonato. Estarei como Boavista até ao fim. E depois vou-me dedicar completamente à seleção”, afirmou.
Para Timor-Leste, Flora trás a experiência da Primeira Liga e ainda passagens pela Itália e pelo Myanmar, país que ajudou a ter contacto com os jogos do sudeste asiático e com a realidade local.
No final da 5ª jornada da 1ª Divisão da Liga de Futebol Amador, o Boavista FC Timor está em 3º lugar, com os mesmos pontos que o 2º classificado, o Lalenok United FC e a dois pontos do líder, o AS. Ponta Leste.
Flora substitui o japonês Norio Tsukitate, que teceu recentemente duras criticas aos jogadores e às autoridades timorenses, nomeadamente por atrasos nas obras do Estádio Municipal de Díli, que impedem o país de receber jogos internacionais desde 2015.
“Sou o treinador há um ano e fiz apelos repetidos à federação para resolver as coisas para que possamos fazer jogos em casa. Mas é complicado e estou a ficar cansado de estar sempre a pedir”, disse em junho.
O atraso nas obras é a polémica mais recente que afeta o futebol timorense.
Em 2017 a FIFA ampliou a nível mundial uma sanção imposta pela Comissão Disciplinar da Confederação Asiática de Futebol (CAF) ao secretário-geral da Federação de Futebol de Timor-Leste, culpado de usar documentos falsos para regularizar jogadores brasileiros.
A 20 de janeiro desse ano a Confederação Asiática de Futebol (CAF) suspendeu Timor-Leste da edição de 2023 da Taça Asiática depois de comprovar que a federação timorense utilizou 12 jogadores brasileiros com documentos de nacionalidade falsos.
Em julho do mesmo ano, a CAF suspendeu vitaliciamente o antigo diretor técnico da Associação de Futebol de Timor-Leste Orlando Marques Henriques de todas as atividades relacionadas com o futebol.
A decisão surgiu depois de ter sido provado que Orlando Henriques aceitou um suborno de 15 mil dólares para oferecer aos jogadores da equipa de futebol Timor-Leste, para que perdessem o jogo com a Malásia, realizado a 30 de maio, nos Jogos do Sudoeste Asiático de 2015, em Singapura.
No final de 2017 o Comité Disciplinar da FIFA sancionou a seleção de futebol de Timor-Leste com sete derrotas na qualificação para o Mundial2018, devido a jogadores inelegíveis, bem como uma multa de 70 mil francos suíços (cerca de 60 mil euros).
Fonte: Agência Lusa